segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Tecnologias limpas revolucionam a indústria na próxima década

"A geração de energia a partir de recursos renováveis vai revolucionar a indústria nos próximos dez anos." A previsão é do engenheiro mecânico e diretor executivo da Bonfiglioli do Brasil, Manfredi Ucelli di Nemi, que está se referindo ao desenvolvimento de tecnologias para a otimização da geração eólica, solar e biomassa. E tudo vai acontecer no horizonte da próxima década. Números e opiniões que se seguem foram reunidos por Manfredi neste artigo.

As constantes mudanças climáticas aceleraram a demanda de soluções e produtos de alta confiabilidade, durabilidade e eficiência, para evitar uma megacrise energética planetária. Para não correr esse risco será preciso que os países-membros do G-20 avancem em suas políticas ambientais.

Os investimentos no mercado mundial de energia limpa podem chegar a US$ 2,3 trilhões até 2020, segundo levantamento da Pew Charitable Trusts, instituição sem fins lucrativos com sede na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Em até dez anos, China, Índia, Japão e Coreia do Sul somarão aproximadamente 40% dos investimentos mundiais em projetos de energia limpa.

Segundo projeções, a China vai se manter na liderança no setor, atraindo sozinha investimentos na casa dos US$ 620 bilhões ao longo da década, resultado de iniciativas para expandir a matriz energética nacional e atender as demandas domésticas crescentes.

O Brasil, que já tem uma matriz energética limpa, além de ocupar o segundo maior mercado de biocombustíveis, não foi esquecido em recente relatório do Greenpeace. Especialistas de diversas instituições responsáveis pela elaboração do relatório, como a Universidade de São Paulo e a União da Indústria da Cana-de-Açúcar, concordam que o País pode ter 93% da energia elétrica com origem em fontes renováveis.

A primeira usina solar comercial do País, na cidade de Tauá, localizada a 360 quilômetros de Fortaleza, deve começar a operar no primeiro trimestre de 2011. A cidade foi escolhida porque possui os melhores índices solares do Nordeste. A potência instalada será de 1 MW e abastecerá 1.500 residências, mas com possibilidade de expansão para 5 MW de energia, já autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

No cenário da "revolução energética", batizada pela ONG ambientalista, as hidrelétricas responderiam por 45,6% da matriz, a eólica por 20,3%, a biomassa por 16,6% e a solar por 9,26%. Considerase que é possível aumentar até 2050, nesse quadro, até três vezes a taxa de consumo de energia e até 4% o PIB. E não haveria necessidade de usar termelétricas a carvão, óleo diesel ou usinas nucleares. O gás natural, considerado "fonte de transição", corresponderia a 7,3% da matriz. A energia oceânica teria 0,77%.

O desafio da otimização

O desafio para a indústria é desenvolver produtos cada vez mais eficientes. Portanto, atender as exigências dos mercados local e internacional demanda soluções criativas e, principalmente, sustentáveis. Neste exato momento, pesquisadores e engenheiros trabalham na busca de novas ferramentas que agreguem valor ao consumidor.

No Laboratório de Sistemas Integráveis da Universidade de São Paulo, está sendo testado um sistema de Wi-Fi carregado por energia solar. Uma placa do tamanho de uma folha de papel A3 dá ao aparelho autonomia de até uma semana sem sol. Assim é possível levar o acesso à web a locais onde a instalação da rede elétrica é mais difícil. Outra aplicação interessante vem da Universidade do Texas. A partir de células fotovoltaicas em spray, aplicadas sobre qualquer superfície, a energia solar pode ficar mais barata e acessível. A técnica funciona com o espalhamento de células solares por meio de um spray, processo que pode ser utilizado em quase qualquer superfície, desde plástico até tecidos.

Os pesquisadores desenvolveram um meio de diminuir os custos da produção de células solares com um tipo de tinta contendo nanocristais de semicondutores compostos por cobre, índio e selênio.

Em meio a tantas possibilidades, os inversores eletrônicos são componentes primários importantes para sistemas fotovoltaicos, e seu alto nível de eficiência permite o uso com maior rentabilidade econômica. Uma nova geração de inversores, criada por uma equipe de engenharia italiana, pode ser operada com cada tipo de módulo solar, mesmo com módulos de camada fina que requerem aterramento no sistema.

O equipamento de três fases fotovoltaicas é capaz de converter a corrente contínua produzida pelos painéis fotovoltaicos em corrente alternada pronta para alimentação na rede elétrica. O uso de componentes robustos e de sofisticados padrões garante um longo ciclo de vida e de alta confiabilidade.

Sabemos que ainda há muito a ser explorado e conquistado no setor, mas essas tecnologias já fazem parte de todos os segmentos das energias renováveis: do fotovoltaico ao eólico e à biomassa, até à exploração das correntes marinhas. Há quase 25 anos, temos realizado grandes investimentos, colaborando constantemente com os clientes na busca de soluções de aplicação em um mercado cada vez mais complexo e em rápida evolução.

Em Rovigo, na Itália, participamos da maior instalação fotovoltaica da Europa. Esse projeto posiciona o país na liderança do setor de energia fotovoltaica europeu em termos de geração de energia 100% renovável. A instalação produzirá uma quantidade de energia suficiente para abastecer 16.500 casas e reduzirá a emissão de 40.000 toneladas de CO2 na atmosfera, o que representaria menos 8.000 carros circulando por ano. Para a construção dessa planta foram usados 475 inversores, transformando a energia contínua produzida por 350 mil painéis em energia limpa.

A instalação de Rovigo segue um outro importante projeto em Puertollano, no coração da Península Ibérica. Este possui capacidade instalada de 70 MW e abrange uma área de mais de 850.000 metros quadrados - o equivalente a 120 campos de futebol -, e pode contar com 840 km de cabos, 50 km de condutores, 57.885 postes de aço fincados no solo, para sustentar os módulos, e 6.090 toneladas de aço para as estruturas metálicas.

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